Métrica


Quando criei minha imagem no espelho, pensei que estaria certa.
Quando concluí que isso não estava em meus limites, busquei aceitar.
Quando aceitei, não por completo, mas o mínimo, acreditei que estaria salva da imagem refletida.
Quando enfim me senti segura, o reflexo novamente saiu da física e invadiu meu psicológico.

Então, quando menos esperava, voltei a ser refém. Não é que a segurança e a confiança se esvaíram, mas aquele vão que continuava vazio preencheu-se com centímetros.
Quando encarei, constatei. A métrica sempre foi um elemento significativo em poemas, mesmo que cá e lá não estivesse presente.
Não é que eu goste dela e nem que me importe sempre com ela, mas quando ela exige de mim é que espero corresponder.

Um centímetro aqui, um milímetro ali, não interessa o reflexo, o que martela pequenos buracos são as linhazinhas marcadas naquela fita, uma a uma numa contagem de cinco, vão arrancando leves pedaços naturais.
E no fim, quando a conta não fecha com o espelho, constato que as partes roubadas se foram, mas as linhas ainda eram insistentes.

21.06.2021
A. Tiemi Yokoyama
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Aviso: Esse texto não tem a intenção de contribuir ou julgar nenhum indivíduo perante os padrões estéticos.

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